O Cruzeiro começou a surgir no início do século XX, a colônia italiana de Belo Horizonte tentava, sem sucesso, formar um time de futebol que pudesse disputar os torneios locais. Pouco depois, foi a vez do Palestra Brazil (1918), que nem chegou a ser implantado, ficando apenas no projeto.
Até que em 1920, aproveitando a presença do cônsul italiano na capital mineira, alguns desportistas da colônia levaram-lhe a ideia da criação do clube, nos mesmos moldes do Palestra Itália, de São Paulo, o atual Palmeiras. A resolução foi acertada depois que algumas das principais 'famílias italianas', principalmente as abastadas, se prontificaram a participar do projeto de fundação do clube, que deveria representar a colônia em Belo Horizonte. Assim, ficou decidida a fundação do clube que deveria fazer frente aos três grandes da capital: Atlético Mineiro, América e Yale. Nascia, naquele momento, a Societa Sportiva Palestra Itália, criada no dia 2 de janeiro de 1921. A reunião de fundação contou com a presença de 95 fundadores pelos presentes o escudo e uniforme que faziam referência às cores italianas, e cuja inscrição SSPI seria gravada no centro do escudo. Outra definição acertada era que apenas membros da colônia italiana poderiam vestir a camisa do time.
Além de se caracterizar como uma equipe de descendentes de italianos, o Palestra também se destacava por possuir elementos da classe trabalhadora de Belo Horizonte, ao contrário do Atlético e do América, que tinham o seu plantel constituído de estudantes universitários procedentes das famílias influentes e ricas da cidade. No elenco do Palestra figuravam atletas que exerciam a profissão de pedreiros, pintores, caminhoneiros, comerciantes e marceneiros, que eram os filhos dos imigrantes que vieram construir a nova capital e que herdaram de seus pais a mesma profissão. Outra característica marcante era o fato do time ser todo nascido em Belo Horizonte. O novo clube tinha, na sua maioria, membros ligados à Casa de Itália, um prédio da Rua Tamóios que era uma espécie de embaixada italiana na capital e que acabou se tornando a primeira sede do clube. A implantação do Palestra Itália foi rápida. Primeiro, em 12 de março de 1921 o clube se inscreveu na Liga Mineira de Desportos Terrestres (LMDT), para participar do campeonato local, ainda no ano de 1921. A formação do quadro de jogadores foi mais fácil do que se esperava, pois recebeu a inscrição de 16 atletas do Yale – time com certa predominância de italianos – se transferiram para o novo clube, logo que souberam da sua criação. A debandada provocou um mal estar entre os clubes. Três meses depois de fundado, o Palestra realizou a sua primeira partida, em 3 de abril de 1921 no estádio do Prado Mineiro,teve lotação máxima com 1500 torcedores, enfrentando um combinado entre Villa Nova e Palmeiras, times de Nova Lima.
A primeira conquista do Palestra veio duas semanas após a partida de estreia, quando enfrentou o Atlético,no dia 17 de abril de 1921 em partida promovida pela Associação Mineira de Cronistas Desportivos (AMCD). Em um campeonato oficial, a primeira participação do clube aconteceu no Mineiro de 1921. Depois de passar por uma seletiva, o Palestra conseguiu chegar à fase final, jogando contra os considerados “grandes”.
De Palestra Itália à Cruzeiro
A década de 1930 não foi muito boa para o Palestra, o time era bem fraco comparada ao final da década de 1920. A má fase Palestrina só teve fim no ano de 1940, quando o time voltou a conquistar o título mineiro. Após muita confusão durante a competição, o time decidiu o campeonato com o Atlético. Esta seria a última partida do time com o nome de Sociedade Esportiva Palestra Itália.
Em janeiro de 1941, toma posse o
presidente Ennes Ciro Poni, que era um dos integrantes da Ala Renovadora. Ele
inicia o processo de reorganização e nacionalização do clube. Com a Segunda
Guerra Mundial, em 1941, o Governo Brasileiro declarou guerra aos países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália).
O Estádio do clube sofreu ameaça de ser incendiado, salvando-se
graças à intervenção da Polícia Militar.
Em 30 de janeiro de 1942, neste dia então o Palestra Itália passou a se chamar
Palestra Mineiro, a situação ficou insustentável, e o Palestra teve o mesmo
destino do seu homônimo paulista: foi obrigado a mudar de nome, pois o governo
federal decretou uma lei proibindo o uso de termos que fizessem referência a
algum dos países do Eixo. A ideia de se
transformar o clube numa entidade totalmente brasileira só foi concretizada em
29 de setembro de 1942, quando no dia 2
de outubro de 1942, o presidente Ennes Ciro Poni convocou uma assembleia geral
reunindo a diretoria, foi aprovada uma nova mudança no nome do clube que passou
a se chamar Ypiranga.
Entre os dias 3 e 7 de outubro
de 1942 os jornais da cidade
passaram a se referir ao clube como Ypiranga, porque pensavam que o
nome sugerido pelo presidente Ennes Ciro Poni é o que seria aprovado na
assembleia. Na assembleia geral, em 7 de outubro de 1942, os
conselheiros e sócios mantiveram o regime profissional e aprovaram a sugestão
de se alterar o nome e as cores do clube. Foram sugeridos nomes como Yale
e Ypiranga, mas Cruzeiro Esporte Clube acabou
sendo escolhido em homenagem ao símbolo maior da pátria brasileira, a
constelação do Cruzeiro do Sul. O
uniforme passou a ser azul, em homenagem a cor oficial da residência da realeza
italiana, a Casa de Saboia. Assim, o
clube passou a ostentar os símbolos das duas pátrias e que, inclusive, eram
presentes nos uniformes das seleções esportivas de ambos os países. No entanto,
o clube continuou jogando com o nome e o uniforme do Palestra Mineiro até 1943.
Em 1945, o cartunista Mangabeira (Fernando Pieruccetti), do
jornal Folha de Minas, criou as mascotes dos clubes que disputavam
o campeonato da cidade. Ele escolheu uma Raposa' para representar o Cruzeiro,
devido a astúcia do clube em descobrir jovens talentos do nosso futebol antes
dos rivais.
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